Leonardo da Vinci era filho ilegítimo, e por isso não podia frequentar a universidade nem exercer qualquer uma das profssões nobres. Sua escolaridade foi mínima. Ele adorava pintar, no entanto, não teve professores, nem pinturas a observar; fazia tudo a olho nu, tendo a natureza como modelo. Um dia ele resolveu que seria o primeiro artista a criar asas angelicais realistas. Assim, ele foi ao mercado e comprou várias aves. Passou horas desenhando suas asas, reproduzindo com exatidão a maneira como se ligavam ao corpo. Ao desenhar anjos, a imagem dava a sensação de que as asas haviam crescido organicamente em seus ombros. O ano de 1481 foi o pior de vida de Da Vinci. O papa pediu que convocassem os melhores artistas de Florença para decorar a Capela Sistina. Todos foram chamados, menos ele. Magoado, decidiu que não seria mais um mero artista. Estudou sozinho e virou cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Agora, qualquer um que quisesse seus serviços, teria que pagar bem por isso. Da Vinci agora era seu próprio patrão, um mestre e consultor de renome. Essa postura mental e suas realizações lhe deu a fama de o maior gênio da hitória. E se Da Vinci não fosse filho ilegítimo? Certamente não lhe seria permitido desenvolver o próprio estilo. E se houvesse insistido em ir para Roma com os outros artistas e em vez de buscar o próprio caminho? E se ele tivesse achado um emprego?
Na vida passamos por inúmeros momentos de rejeição a mágoa. No entanto, cada um de nós tem a responsabilidade de esculpir a prórpria história, removento partes desnecessárias de si mesmo e dando forma a própria vida. Como dira Silvia Schmidt, no poema O Milagre de um novo dia: "O dia de hoje está à minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar-lhe forma. Depende de mim como será o dia de hoje diante de tudo que encontrarei."
"Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância ... Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4.12,13)
Livro A Harpa de 1000 Cordas
