segunda-feira, 28 de setembro de 2015

SAIBA EMPREENDER

Nascido em São Francisco, EUA, em 1955, filho de pais universitários e não casados, um menino foi oferecido à adoção com uma semana de vida. Sua mãe biológica – de ascendência alemã tradicionalmente católica – e seu pai verdadeiro – um mulçumano sírio cuja linhagem detinha ótimas condições financeiras – não podiam ficar com ele, por pressão de seus familiares. Assim, o menino foi adotado por um casal de operários quem moravam em  Mountain View, na Califórnia, uma cidade rural que mais tarde se transformou no Vale do Silício. O menino soube desde cedo que havia sido adotado, mas isso não o magoava, pois era muito amado. O pai adotivo, apesar de ser um mecânico que só tinha o ensino médio, era admirado pelo menino, devido a sua habilidade de construir armários, mesas, cercas, etc. Impressionava-o ver como o pai se preocupava em fazer as coisas direito, mesmo as partes que não ficavam à vista. Era importante fazer bem os fundos dos armários e cercas, ainda que ficassem escondidos. O menino nunca chegou a gostar de mecânica, mas adorava está com o pai e ser ensinado por ele. Através dos carros, o pai lhe expôs à eletrônica, o que lhe despertou muito seu interesse. Todo fim-de-semana, eles iam garimpar peças elétricas e mecânicas no ferro-velho e assim começou a aprender a negociar vendo seu pai vendendo essas peças. A maioria dos seus vizinhos, que eram engenheiros que trabalhavam com empresas de tecnologia, montava dispositivos como células fotoelétricas, pilhas e radares, e o menino cresceu aprendendo sobre essas coisas. Antes de entrar na escola, sua mãe já o havia ensinado a ler. Mas nos seus primeiros anos, ele andava meio entediado e se ocupava se metendo em encrencas. Por natureza e criação, ele não estava disposto a aceitar uma autoridade diferente da que ele conhecia. Assim, na escola, ele desafiava os professores pregando peças e, junto com um amigo, arranjava todo tipo de encrenca. Quando ele estava no terceiro ano, as brincadeiras se tornaram um pouco mais perigosas. Quando chegou a hora de ir para o quinto ano, a escola decidiu que era melhor colocar ele e o amigo em classes separadas. Uma professora conhecida como “Teddy”, depois de observá-lo por duas semanas, procuro-o e deu-lhe um caderno de exercícios com problemas de matemática, dizendo: “quero que você o leve para casa e faça isso”. O menino pensou: “Você está louca?”. E então ela puxou um pirulito gigante e disse: “Quando você terminar, se acertar a maioria, lhe darei isto e cinco dólares”. O garoto devolveu o caderno respondido em dois dias. Depois de alguns meses, ele não precisava mais daquilo e passou a fazer os exercícios somente para agradá-la. Ela chegou a retribuí-lo com um kit para polir lentes e fazer uma câmera. Ele aprendeu mais com ela do que com qualquer outro professor e, se não fosse por ela, ele provavelmente teria se tornado um delinquente. Tempos depois, um vizinho da mesma rua apresentou-o às maravilhas da eletrônica, dando-lhe kits eletrônicos vendidos como hobby. Esses kits lhe ajudaram a desvendar os detalhes do funcionamento de indutores, capacitores, resistores e semicondutores. Por meio desse conhecimento, aparelhos eletrônicos complexos, como TVs e rádios, deixaram de ser mistério para ele. Esse amigo o introduziu no Clube do Explorador da HP, um grupo de quinze ou mais estudantes que se reunia semanalmente no refeitório da empresa nas noites de terça-feira. Nessas reuniões, um engenheiro da HP vinha para falar sobre os projetos que estava desenvolvendo. Ele adorava comparecer a essas reuniões. Ele queria muito conhecer a fábrica e, como a HP era a pioneira na produção de diodos emissores de luz, ele convenceu um dos engenheiros, depois de uma palestra, a deixa-lo conhecer o laboratório de holografia. A visão dos inúmeros computadores que a empresa estava desenvolvendo lhe deixou apaixonado. Alí estava um dos primeiros computadores de mesa da história, o 9100A, que não passava de uma calculadora pretensiosa, enorme, e que pesava cerca de 20 quilos, mas era simplesmente encantador. Os frequentadores do clube eram estimulados a fazer projetos, então o jovem decidiu construir um contador de frequências, que mede o número de pulsos por segundo em um sinal eletrônico. Mas ele precisava de algumas peças que a HP produzia, então pegou o telefone e ligou para Bill Hewlett, o presidente executivo da empresa, cujo nome encontrara numa lista telefônica. Bill atendeu e conversou com ele durante 20 minutos. Bill conseguiu as peças, mas também lhe deu um emprego na fábrica onde faziam contadores de frequência. O jovem trabalhou lá no verão. Seu trabalho consistia principalmente em pôr porcas e parafusos numa linha de montagem. Houve algum ressentimento entre os trabalhadores da linha em relação ao garoto que tinha conseguido o emprego telefonando para o diretor-presidente. Na realidade, o jovem tinha muita facilidade em se relacionar com as pessoas. Durante os intervalos, ele subia e passava tempo com os engenheiros da fábrica. Depois que saiu empresa, chegou a entregar jornais e, nos fins-de-semana, trabalhava no controle do estoque de uma loja de peças eletrônicas. Seus pais biológicos haviam determinado que ele deveria frequentar uma universidade, pois essa havia sido a condição para sua adoção, mas ele abandonou a faculdade depois do primeiro semestre, embora continuasse a assistir, extraoficialmente, as matérias que lhe interessavam. Sem um tostão no bolso, reciclava garrafas de Coca-Cola, dormia no chão em casas de amigos e comia de graça num templo Hare Krishna. Ele conseguiu um trabalho por um curto período na Atari, uma das primeiras companhias de videogames, a fim de economizar dinheiro para uma viagem à índia. Em pouco tempo saiu da empresa e partiu, junto com um amigo de infância, em busca da iluminação. Quando voltou, começou a andar com outro amigo que era um gênio da eletrônica e juntos, fundaram uma empresa de computadores que montavam manualmente na garagem dos pais com a ajuda de alguns amigos. Para financiar seus negócios, ele vendeu uma Kombi, e seu amigo, uma calculadora. Aos 21 anos ele viu seu negócio dar certo. A empresa deslanchou como um foguete e, em 1983, passou a valer mais de 100 milhões de dólares e entrou na Fortune 500 com a mais rápida ascensão que qualquer empresa na história dos negócios. Eles se tornaram multimilionários. Apesar disso, o jovem garante nunca ter feito as coisas por dinheiro, mas pela paixão. Seu principal objetivo era criar uma tecnologia de fácil utilização para o público mais amplo possível. Mas em 1985, por ter um gênio difícil e incontrolável, ele é demitido pelo próprio diretor que ele havia contratado para dirigir a empresa. Com desejo de vingança, fundou a NeXT, com o propósito de vender computadores avançados para universidades e tirar do mercado a empresa da qual havia sido demitido. Criou a Pixar a partir de outra companhia e, ao longo de uma década, transformando-a num estúdio de animação de grande sucesso em Hollywood. A NeXT, por outro lado, jamais decolou. Em 8 anos, vendeu apenas 50 mil computadores e teve que sair do ramo de hardware, concentrando-se na venda de softwares. Contudo, sua experiência na NeXT serviu de impulso para o seu retorno à empresa da qual havia sido expulso. Assim, em 1996, após 11 anos depois que esteve fora, ele retorna. Tal é seu ressurgimento, fenomenal e impressionante, que executivos do mundo inteiro mal podiam acreditar no que estava acontecendo. Mas em 10 anos a frente dessa organização, a Apple, ele, Steve Jobs, criou o iPod, o iPhone, iMac e outros grandes produtos inovadores, tirou a empresa do prejuízo para torna-la num império de mais 107,2 bilhões de dólares! Aos 52 anos, ele deixa o trabalho para viver uma vida tranquila com a família, mas em outubro de 2011, aos 56, Jobs morre vítima de um cancro raro no pâncreas.

Da história acima podemos tirar grandes lições:

1- Jobs passou por altos e baixos ao longo da vida: foi abandonado pela mãe num orfanato; foi adotado por uma família de classe média baixa; foi aluno brilhante e rebelde; fundou uma empresa aos 20; foi expulso de sua organização aos 31; mas foi salvador do negócio aos 40, e passou a transformar tudo o que tocava em ouro aos 50. Com tudo isso, podemos aprender muito importante: todas as pessoas que hoje são referências de sucesso, já passaram por muitas lutas e por momentos difíceis.

2 – A participação do pai na infância de Jobs foi essencial para a formação da personalidade inovadora do filho. Os ensinamentos do pai para mostrar como as coisas funcionavam e seus esforços por fazer as coisas bem feitas deu a Jobs um grande senso de design e valor pelo trabalho. Esse exemplo mostra como é importante que os pais ensinem liderança e empreendedorismo aos seus filhos.

3 – Outro grande momento notável na vida de Jobs foi seu encontro com sua professora “Teddy” que o motivou com dinheiro e doces para que ele fizesse suas tarefas escolares. Essa experiência ilustra os efeitos do reforço positivo como fator de mudança de comportamento. Segundo pesquisas, as recompensas são 7x mais eficiente que as punições, e isso fez a diferença na vida Jobs, que era um aluno extremamente rebelde, mas que pode enfim encontrar seu rumo.

4 - Durante o primeiro período de Jobs à frente da Apple, foram lançados o Apple III e o Lisa. Enquanto o primeiro sofria com o aquecimento excessivo devido à sua decisão de não incluir uma ventilação no produto, o segundo possuía um hardware extremamente caro. Todos esses lançamentos foram um fracasso. Outro fiasco foi o lançamento do TAM (Twentieth Anniversary Macintosh), ocorrido em 1997, que custava US$ 7500. Por conta desse preço pouco atrativo, o produto foi abandono um ano após seu lançamento. A empresa NeXT criada por ele passou por diversas dificuldades financeiras, resultando na sua venda em 1996. Enfim, por não ter medo de fracassar e por saber tirar proveito de suas falhas, Jobs adquiriu vasta experiência e ousadia para inovar, o que lhe ajudou a ser empreendedor ousado e brilhante.

5 – Um dos defeitos de Jobs era ser muito duro ao criticar seus funcionários. Certa vez ele chegou a demitir o líder do time que criou o MobileMe em numa reunião na frente de sua equipe. Em uma entrevista para a revista norte-americana The New Yorker, o vice-presidente sênior de design da Apple e ex-colega de trabalho de Jobs, Jony Ive, conta que já chegou a pedir para Jobs ser mais gentil com seus funcionários, pois eles sempre ficavam arrasados após suas duras críticas. Um verdadeiro líder não precisa agir dessa forma, como diria Ané Dousseaux: “Elogie em público e corrija em particular. Um líder corrige sem ofender e orienta sem humilhar.”
“A arrogância dos homens será abatida, e o seu orgulho será humilhado. Somente o Senhor será exaltado naquele dia.” (Isaías 2:17).
 Livro A Harpa de 1000 Cordas