domingo, 24 de janeiro de 2016

LUTE POR AQUILO QUE ACREDITA

A Guerra dos Cem Anos foi um dos maiores conflitos da Idade Média, entre duas das principais potências europeias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou 116 anos. Começou em 1337 e terminou em 1453. Não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas que incluíram várias batalhas.

A Batalha de Sluys (1340);
A Batalha de Crécy (1346);
A Batalha de Calais (1347);
A Batalha de Poitiers (1356);
A Batalha de Cocherel (1364);
A Batalha de Azincourt (1415);
O Cerco a Orléans (1429);
A Batalha de Jargeau(1429);
A Batalha de Meung-sur-Loire (1429);
A Batalha de Patay (1429);
A Batalha de Formigny (1450);
A Batalha de Castillon (1453).

Durante o caos da guerra dos cem anos, enquanto o norte da França era dizimado pelas tropas inglesas e a monarquia francesa fugia, uma jovem de Órleans chegou dizendo ter recebido instruções divinas para levar o exército francês a vitória. Não tendo mais nada a perder, Carlos VII autorizou-a a comandar algumas tropas a partir do Cerco de Orléans. Para espanto geral, ela conseguiu uma série de triunfos sobre os ingleses. As notícias sobre a garota extraordinária se espalharam rapidamente. Sua fama crescia a cada vitória, até que ela se tornou uma heroína, assumindo o comando militar de toda a França. As tropas francesas, antes à beira do colapso total, conseguiram vitórias decisivas para a coroação do novo rei. Entretanto, ela foi traída e capturada pelos ingleses. Cientes da ameaça que ela representava, pois era um símbolo da própria França e alegava receber orientações do próprio Deus, os ingleses a levaram a um julgamento impressionante. Após um interrogatório com um final previamente combinado, ela foi julgada culpada e queimada na fogueira, aos 19 anos, em 1431. Seu nome era Joana d’ Arc.

Nos séculos que se seguiram, foram feitas centenas de tentativas de entender o que se passara na mente dessa extraordinária adolescente. Teria sido uma profetiza, santa ou louca? Os cientistas que recorreram a psiquiatria moderna e a neurociência  explicam que Joana provavelmente sofria de esquizofrenia, pois ouvia vozes. Outros contestam esse fato, pois os registros remanescentes de seu julgamento revelam que ela foi uma pessoa de pensamentos e fala racionais. Perguntaram, por exemplo, se ela estava na graça de Deus. Se respondesse sim, seria considerada herege. Se respondesse não, seria uma confissão de culpa, e portanto, uma fraude. De qualquer maneira ela estava perdida.  No entanto, sua resposta deixou todos boquiabertos, ela disse: “Se eu não estiver, que Deus me coloque lá; se eu estiver, que Deus me guarde”. O notário escreveu no registro: “Os que ficaram interrogando ficaram estupefatos.” De fato, as transcrições nos relatórios são tão impressionantes que George Bernad shaw colocou traduções literais em sua peça “Santa Joana”.


Dos fatos acima podemos tirar as seguintes lições:

1 - Joana d’ Arc era uma camponesa analfabeta que dizia ouvir vozes diretamente de Deus, e saiu da anonimato para levar um exército desmoralizado  à vitórias que mudaram os cursos das nações, fazendo dela uma das figuras mais fascinantes, envolventes e trágicas da história. Assim como os grandes profetas, ela deixou seu nome registrado na história por viver e lutar por aquilo que acreditava.

2 - Uma mesma guerra pode gerar muitas batalhas. Esse tipo de conflito assemelha-se a diversos que enfrentamos todos os dias como discussões mal resolvidas, debates intermináveis e disputas desnecessárias que só resultam em desgastes emocionais e morte dos relacionamentos. Na Bíblia, Esaú e Jacó viveram uma disputa ferrenha pelas bençãos do pai, é só após vinte anos entraram em acordo. Da mesma forma, se você quiser dar um ponto final a uma guerra, opte pela reconciliação. Não existe melhor caminho para a paz do que a aceitação, a diplomacia e o perdão.

3 – A diplomacia consegue mais do que a guerra. Mesmo um conflito longo e sangrento como foi a Guerra dos Cem Anos, bastaram apenas 2 anos de negociações feitos por habilidosos diplomatas dos dois países para que a guerra finalmente fosse encerrada.

4 – Mesmo pequenas intrigas podem dividir famílias, desfazer amizades e causar longas separações, tudo isso porque muitas vezes preferimos aceitar a condição de vitimas, disfarçar mágoas e evitar conflitos. A história mostra que bem melhor resolver logo o assunto do que ficar com ressentimentos que duram décadas. Dói na hora, como um remédio injetável, mas passa rápido, evitando-se assim uma doença que pode crescer até tornar-se incurável.

5 – Muitos cientistas acreditam que Joana D’Arc e a maioria dos profetas do passado tinham uma espécie de lesão epilética no lobo temporal, o que lhes faziam ouvir a voz de Deus. No entanto, outros  especulam a existência de um “gene de Deus”, que predispõe o cérebro à capacidade de sintonizar-se a voz de seu Criador.  Portanto, é plausível supor que nossa capacidade de responder a sentimentos de fé esteja programada em nosso genoma e que, cada um de nós, assim como o Moisés, Samuel e outros profetas, também podemos ter a capacidade de ouvir a voz de Deus, principalmente por meio da oração e pela leitura e obediência às sagradas escrituras.

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.” (João 10:27).

 Harpa de 1000 Cordas