domingo, 17 de janeiro de 2016

SEJA INTELIGENTE E PERSISTENTE

Ele teve uma infância difícil, mas divertida. Seus pais trabalhavam na lavoura quando adolescentes e chegaram a passar enormes dificuldades financeiras. Eles tiveram seis filhos que dormiam dentro do mesmo quarto, numa pequeníssima casa. Sua mãe sofria de fobia social e por isso nunca saía de casa sozinha. Para conter a guerra que seus filhos realizavam, ela fazia as malas e ameaçava ir embora. Porém, tomava o caminho do quintal. As crianças comovidas, pediam para que ela voltasse e se aquietavam naquele dia. O menino, por sua vez, cresceu hipersensível e vivia distraído, desconcentrado e detestava a rotina dos estudos. Seu comportamento era marcadamente irresponsável. Gostava de festas e poucos compromissos. Durante os dois primeiros anos do ensino médio ele não usou nenhum caderno. Raramente copiava a matéria dada em aula, a não ser quando, num caso extremo, pedia uma folha emprestada. Seu pai tinha um problema cardíaco e desde cedo o estimulou a ser médico. Com base nesse sonho, o filho desejou ser não apenas médico, mas cientista. Mas aquilo era um sonho muito grande para quem considerava a escola o último lugar em que gostaria de estar. Ele se sentia um estranho num ninho. Não se adaptava ao sistema escolar. Na adolescência, usava roupas bizarra e vivia com os cabelos revoltos. Quando dizia que queria ser médico, todos riam da cara dele.  Nem seus amigos mais íntimos acreditavam nele. Dizer que queria ser um cientista era uma loucura para quem não prestava atenção nas aulas. Somente seus pais nunca deixaram de acreditar no potencial do filho. Mas próximo da idade adulta, o jovem decidiu parar de brincar com a vida e não ficar mais à sombra do pai. Queria construir a própria história. Deixou as festas, as orgias, o convívio com amigos e resolveu ir atrás de seus sonhos. No entanto, cerca de 70% daquilo que as pessoas planejam falha na fase de execução não por falta de inteligência ou visão, mas por falta de disciplina. Assim, o jovem sabia que precisava de disciplina e teve que pagar um alto preço em busca de seus sonhos, sacrificando horas de lazer para estudar 12 horas por dia para entrar na faculdade de medicina. Sentia vertigem e sono, mas perseverava. Quando ninguém esperava nada dele, ele passou no vestibular e entrou na faculdade de medicina.
Na faculdade, era questionador e pensava diferente dos professores. Não engolia as informações sem antes questioná-las. Assim, ele escrevia no caderno as matérias numa forma diferente do que era ensinada. Apesar de ser uma pessoa sociável, seguro, destemido e apaixonado pela vida, seus conflitos internos o levaram a depressão. Durante as férias do segundo para o terceiro ano da faculdade ele deprimiu-se. Chorava sem lágrimas. Andava angustiado, tinha insônia e desmotivação. Não sabia que aquilo era uma depressão, pois não havia tido aulas de psiquiatria sobre o assunto. Contudo, ninguém percebeu sua crise, pois soube escondê-la de seus colegas e íntimos. Apesar da proximidade dos amigos, ele sentia-se na mais profunda solidão. No entanto, quando estava prestes a perder as esperanças, ele decidiu voltar para dentro de si mesmo. Começou a questionar qual o sentido da vida e qual sua postura diante do próprio sofrimento. Então resolveu deixar de ser vítima de sua miséria emocional e ser líder de si mesmo. Procurou perscrutar seu caos e entender os fundamentos de sua crise. Criticava sua dor e questionava seus pensamentos negativos. Naquele momento ele aprendeu uma grande lição de inteligência:
“Quando o mundo nos abandona, a solidão é superável, mas, quando nós mesmos nos abandonamos, a solidão é quase insuportável.”
Ele passou a desenvolver técnicas que aprendia consigo mesmo. Registrava todas as suas descobertas. Antes ele detestava escrever, mas agora escrevia com prazer. Em qualquer lugar fazia anotações. Seus bolsos viviam cheios de papeis. Quando seus professores terminavam de dar uma aula junto ao leito de pacientes com câncer, cirrose, enfisema pulmonar, seus colegas saíam, mas ele ficava. Queria conhecer a história, os medos, os recuos, os pensamentos e os sonhos de seus pacientes. Amava entrar no mundo deles e anotava suas percepções. Foram muitas suas descobertas, de forma que, no último ano de medicina ele escrevia quatro horas por dia.
Após terminar a faculdade, ele procurou uma grande universidade para continuar suas pesquisas. Procurou um cientista, um doutor em psicologia, para expor suas observações. Falou rapidamente sobre sua intenção de pesquisar sobre a construção de ideias, a formação da consciência e a natureza da energia psíquica. O resultado? Foi humilhado. O professor perguntou-lhe ironicamente se ele queria ganhar o prêmio Nobel e fechou-lhe a porta. O jovem, pela primeira vez, sentiu a dor da rejeição, mas decidiu continuar. Procurou outra universidade, mas desta vez foi mais preparado. Levou uma apostila que continha centenas de páginas sobre suas ideias. Enfrentou uma banca examinadora compostas de ilustres professores. Uma examinadora pegou seu material e perguntou quem o havia orientado. Ele disse que o assunto era inédito, não havia orientador. O resultado foi que ele foi mais humilhado ainda! Ela lhe disse que não havia espaço para ele naquela universidade. Novamente a dor da rejeição tocou a alma daquele jovem. Depois da amarga experiência, ele fez várias tentativas para publicar seus estudos. Procurou por editoras. Esperou por meses uma resposta, mas nenhuma teve sequer o trabalho de envia-lhe uma resposta.
Depois de tantas derrotas, teria que abandonar suas pesquisas para exercer psicologia clínica afim de sobreviver. Através das técnicas que aplicava, muitos pacientes obtinham uma grande melhora na sua qualidade de vida. Assim, ele teve uma ascensão profissional meteórica. Começou a dar palestras e entrevistas na mídia sobre conflitos psíquicos.  Em menos de dois anos estava nos principais canais de TV. Porém, havia algo de errado dentro dele. Era infeliz, pois havia enterrado seu maior sonho: ser um cientista. No auge do status social, decidiu abandonar tudo em busca de seu sonho. Ninguém o apoiou, somente sua esposa. Saiu da capital e foi morar no interior. Desejava está em um lugar tranquilo onde pudesse pesquisar e escrever.  Contribuiu uma clinica dentro de uma mata. Começou tudo de novo. Apesar da difícil localização, clientes apareceram e em pouco mais de um ano, sua agenda estava cheia novamente. Com o passar dos anos, sua produção científica intensificou-se, obrigando-o a reduzir seus atendimentos. Passou a escrever mais de vinte horas por semana, depois trinta. Chegou a escrever de 9 da manhã até uma da madrugada, sem nenhuma interrupção. Passou-se o tempo e ele teve três filhas. Uma delas, com 11 anos, chegou a perguntar quando ele terminaria o livro que ele começara a escrever antes dela nascer. Ele passou a mão no rosto e não conseguiu lhe dar uma resposta. Sua esposa se adiantou e disse: “Minha filha, seu pai nunca vai terminar esse livro. Pois no dia em que terminar, ele vai morrer...”Mas passaram-se mais de 17 anos, ele terminou os pressupostos básicos de sua teoria (e não morreu). Ele escreveu mais de três mil páginas. No entanto, nenhuma editora publicaria um livro com todo esse volume de informação. Então num esforço dantesco, ele resumiu sua obra em 400 páginas e enviou para algumas editoras. Depois de quatro meses, recebeu uma carta com uma resposta negativa. Passado mais algum tempo, recebeu outra carta dizendo que aquele material não preenchia a sua linha editorial. Mas ele não desistiu, tirou cópias de seu material, foi a pequena agência dos correios de sua cidade e enviou para outras editoras. Foram longos meses de espera. Depois de aguardar ansiosamente por uma resposta, de repente outra carta e mais uma resposta negativa.  Passado algum tempo, chegou uma quarta carta. Desta vez, sua esposa veio entrega-la.  Quando abriram a carta juntos, e leram a resposta. Outra decepção, negativa novamente. Já sem muita expectativa, ele foi à agência do correio e postou mais uma vez. Passados alguns meses, veio a surpresa. Finalmente, uma resposta positiva. Uma grande editora decidiu apostar no projeto e publicar sua obra. Ele publicou o livro com o título “Inteligência Multifocal”, o nome de sua teoria. Entretanto, após publicar o livro, quase ninguém entendeu seus textos, de tão complexos que eram. Mesmo sendo apreciados por muitos profissionais das área de educação, psicologia e até alguns acadêmicos, poucos exemplares foram vendidos. Então ele decidiu escrever outra obra, mais simples, onde analisaria a personalidade de um grande pensador da história, sob a ótica da teoria da Inteligência Multifocal. Ele escreveu sobre aquele que dividira a história ao meio: Jesus Cristo. Desejava conhecer como esse personagem protegia sua emoção, como gerenciava seus pensamentos e como ele estimulava a arte de pensar. Depois de analisar criteriosamente os relatos bíblicos, algo incrível aconteceu. Ele que era um exímio ateu, decidiu torna-se um cristão sem fronteiras, pois percebeu que a psicologia podia provar que Cristo foi um personagem real. Os princípios que regem a personalidade do Mestre dos mestres estão além do imaginário humano. Assim, ele publicou o livro “Análise da Inteligência de Cristo”. O livro foi um sucesso estrondoso, não devido a sua grandeza como escritor, mas à grandeza do personagem que descrevia. A partir disso, outros livros surgiram e o sonho de se tornar um cientista da psique humano fora realizado. O nome desse grande autor é Augusto Cury, com mais 12 milhões de vendidos no Brasil e também publicados em mais de 40 países.
Da história acima podemos tirar as seguintes lições:
1) O sucesso tem pouca relação com a inteligência e está muito mais associado a capacidade do indivíduo adiar suas recompensas. Segundo pesquisas realizadas pelo Dr. Richard Davidson, neurocientista da Universidade de Winsconsin-Madison, “as notas na escola, a pontuação no vestibular, representam menos para o sucesso na vida do que a capacidade de cooperar, de regular as emoções, de adiar a satisfação e de se concentrar.” O exemplo acima mostra que, mesmo com tanto brilhantismo, Augusto Cury teve que persistir mais de 20 anos para realizar seus sonhos.
2) A metodologia para publicar livros adotada por augusto Cury – ou seja, a de enviar os originais pelo correio para uma editora –, não é mais a única maneira de se publicar uma obra. Hoje em dia, o autor pode submeter seus originais pela internet. Ao digitar “envio de originais” no Google, serão mostradas inúmeras opções de editoras que aceitam receber o arquivo eletrônico da obra por e-mail para análise. Outra forma de publicar a obra é fazê-lo por meio de uma prestadora de serviço, como uma gráfica, no entanto é preciso investir financeiramente na obra. A outra de se publicar, mas sem gastar nada, é armazenar o original (em pdf) em sites especializados em publicar livros por encomenda, como por exemplo, o site do Clube de Autores e o Amazon.com. Onde quem paga pela publicação é o cliente interessado na obra.
3) Por mais inteligente que seja uma pessoa ela precisa persistir obsessivamente para alcançar seus objetivos. Se ela permitir que sabedoria divina atue em sua vida, assim como fez Augusto Cury ao escrever sobre a inteligência de Jesus, os resultados de seu sucesso serão ainda mais consistentes.
"Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos; e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos.” (Isaías 55:9)
 Harpa de 1000 Cordas