segunda-feira, 26 de outubro de 2015

OBTENHA IMPERMEABILIDADE EMOCIONAL

Era uma vez um pato que estava nadando num belo lago que ficava dentro das dependências de um parque municipal. Ele ia de um lado para o outro, flutuando sobre as límpidas águas daquele lugar. À beira daquele lago, estava uma esponja (dessas que usamos para lavar louça) que, assentada sobre a grama, observava com atenção os movimentos daquele pato. O pato percebeu que a esponja não tirava seus olhos dele e de vez em quando acenava em sua direção.
Desejando saber o que esponja queria, o pato se aproxima e pergunta:
- Olá, em que posso ajudar?
-  Oi, seu pato, sou a dona esponja. Eu tenho uma dúvida e queria que o senhor me ajudasse.
- Diga, por favor.
-  Como foço para flutuar sobre as águas igual a você?
- Na verdade, não sei, dona espoja. Só sei que entro na água e flutuo.
-  É tão simples assim?
- Sim.
- Será que eu consigo fazer o mesmo?
- Não sei. Por quê você não tenta?
- Infelizmente hoje não posso. Eu não trouxe minha roupa de banho.
- Tudo bem, assim que você estiver disposta a entrar na água, me fale, que vou lhe ajudar.
- Ok, obrigada.
Eles se despediram. O pato foi nadar e a esponja foi pra sua casa.
Dias depois a esponja chega ao lago vestida com roupa de banho, trazendo consigo uma bóia, preparada para flutuar igual ao pato. Ela procura por ele, mas não o encontra.
- Vou esperar um pouquinho. - ela pensa.
Depois de duas horas de espera, a esponja decide entrar na água dentro de sua bóia, sem a ajuda do pato. Chegando lá no meio do lago ela experimenta pular na água para ver se consegue flutuar. No entanto, a natureza da esponja é absorver todo o líquido a sua volta. Assim, ela começa a afundar rapidamente. Desesperada, ela grita por socorro. Já sem fôlego, ela imediatamente começa a submergir.
Quando está próxima do fundo, alguma coisa a segura pelas costas. É o seu amigo pato, que a puxa para fora da água e a carrega até a beira do lago. Depois de alguns segundos desacordada, a esponja abre os olhos.
- O que houve? – pergunta.
- Você quase morreu afogada. – responde o pato. – mas ouvi seu grito e fui ligeiramente ao seu encontro.
- Muito obrigado meu amigo. Devo a você a minha vida. O que posso fazer para lhe retribuir?
- Você não me deve nada, minha amiga.
- Não há nada realmente que eu possa fazer?
- Relaxa. Não precisa. Fica na paz.
- Então deixa eu te dar um abraço?  - pede a esponja.
- Sim. Com certeza.
A esponja se aproxima e abraça o pato. Depois de abraça-lo, a esponja percebe que alguma coisa gordurosa, que estava nas penas do pato, ficou nela.
- Credo! O quê essa coisa oleosa que você tem nas suas penas? – pergunta a esponja.
- Eu não sei. – responde o pato. – Só sei que toda vez que tento limpar minhas penas esse óleo sai de minha glândula uropigial, que fica localizada por de trás de minha calda, e passo essa secreção oleosa no meu corpo. Interessante que, sempre que faço isso, me sinto mais limpo, mais leve.
-  Limpo? Leve? Que nada. Fazendo isso você fica com suas penas toda gordurosa.
- E o que você sugere?
- Sugiro um banho com sabão e detergente.
- Como assim?
- Você está falando com a pessoa certa. Eu sei o que é limpeza. Trabalho com isso o tempo todo. Se quiser ficar limpinho de verdade, deixe-me cuidar de você. Será minha retribuição por ter salvado a minha vida.
- Então OK, dona esponja. Vá em frente.

A esponja toda animada, trás sabão, detergente, uma mangueira dágua e começa a lavar o pato. Depois ela trás uma toalha e um secador de cabelo. E, com muita dedicação, enxuga o pato e o seca. Meia hora depois o pato está branquinho, sequinho e cheiroso.
- Pronto! Isso que é limpeza. – diz a esponja tocando as penas macias e sequinhas do pato.
O pato, muito feliz pelo resultado, agradece a esponja e entra no lago. Mas algo estranho acontece. Ele começa a afundar e gritar por socorro. A esponja entra em pânico e clama por ajuda, mas infelizmente ninguém aparece, e o pato agonizante, morre afogado. Agora a esponja lamenta a morte do seu amigo pato, sem compreender que seu trágico fim, deve-se ao fato dela ter tirado de suas penas a secreção oleosa que dava impermeabilidade às mesmas e lhe fazia flutuar sobre as águas.

Segundo pesquisas, logo abaixo da cauda do pato está localizada a glândula uropigial, que produz a secreção oleosa que salva o pato de sair encharcado de cada mergulho. Ele retira cuidadosamente o óleo com o bico e o espalha por todo o corpo. Se alguém lavar um pato com água e sabão, ele se afogará no primeiro mergulho. Mas o pato não é a única ave privilegiada com esta proteção. Praticamente metade das aves possuem a tal glândula uropigial.

Dos fatos acima podemos tirar as seguintes lições:

1 - O padre e escritor João Carlos Almeida, diz em seu livro “Como Liderar Pessoas Difíceis” que, ao lidar com pessoas complicadas, é fundamental que desenvolvamos um mecanismo de proteção parecido com o do pato. Não podemos ser como as esponjas, que absorvem tudo ao redor, mas impermeáveis como o pato. Nosso grande erro é permitir que as críticas e sentimentos negativos atinjam nossas emoções e bloqueiem nossos recursos internos. Isso não significa que devemos nos tornar surdos e cegos à opinião de outras pessoas, mas que devemos aprender a filtrar o que é realmente importante para o nosso crescimento. 

2 – A história mostra que aqueles que mudaram os rumos da humanidade tiveram que enfrentar duras críticas até alcançarem seus objetivos. Franklyn Delano Roosevelt foi duramente criticado por cobrar impostos mais rígidos dos ricos, mas conseguiu êxito como líder da nação americana em dois períodos extremamente difíceis da história: a depressão de 1929 e a segunda guerra mundial de 1945. Noé sofreu críticas durante 120 anos enquanto construía a arca, mas sua impermeabilidade emocional o tornou capaz de construir uma arca impermeável ao dilúvio. Moisés foi outro que suportou grande pressão enquanto conduzia mais de um milhão de israelitas no deserto, mas sua capacidade de se fazer de surdo diante das murmurações do povo foi o que lhe possibilitou tornar-se um grande líder.

3 – Ao nos revestirmos do óleo do espírito, podemos evocar o máximo de nossos recursos interiores para resolver problemas, e assim flutuarmos diante das turbulências. Mas quando agimos como “esponjas”, absorvendo todos os estímulos negativos ao redor, bloqueamos nossos recursos interiores.  A criatividade dá lugar ao medo, o raciocínio dá lugar a escassez de idéias, e nos tornamos imponentes diante das situações.

4 - Diante de um grande desafio, não dê ouvidos as perturbações, não tire os olhos de seu alvo. Do contrário, você se tornará como Pedro que, ao desviar seus olhos de Jesus, acabou se afundando nas águas.

"Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus. Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me. Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?" (Mateus 14:29-31)

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