sábado, 30 de janeiro de 2016

FIQUE COM 10%

A história do filho pródigo revela um pouco do costume dos povos antigos, em que os filhos ricos viviam nas casas dos pais na esperança de herdarem seus bens. Mas certo dia, Arkad, um dos homens mais ricos da antiga Babilônia, que não concordava com tal costume, mandou chamar seu filho Normasir, que havia atingido a maioridade, e dirigiu-lhe as seguintes palavras:

— Meu filho, meu desejo é que você herde todos os meus bens. Entretanto, primeiro deve provar que é capaz de administrá-los adequadamente. Por isso, quero que saia pelo mundo e mostre sua competência para ganhar dinheiro e tornar-se um homem respeitado entre nossa gente. Para começar bem, lhe darei duas coisas que eu mesmo não tive quando iniciei  a construção da minha fortuna. Primeiro, passo-lhe às mãos este saco com moedas de ouro. Se usá-lo com discernimento, ele constituirá a base a base de seu futuro sucesso. Segundo, deixo sob sua custódia esta pequena tábua de argila onde estão gravadas as cinco leis do ouro. Se conseguir transportar o espírito delas para seus próprios atos, elas lhe trarão competência e segurança. Daqui a 10 anos, volte a casa de seu pai e dê-lhe conta de tudo o que fez. Se eu achar que se mostrou valoroso e me apresentar provas disso, eu o farei herdeiro de todos os meus bens.

Assim, Normasir partiu em busca de seu próprio caminho, pegando a saco de ouro, a pequena tábua de argila em tecido de seda, seu escravo os animais de carga e de montaria.

10 anos se passaram, e o filho, como havia sido combinado, retornou à casa do pai, tendo este providenciado uma grande festa em sua homenagem e para qual convidara grande número de amigos e parentes. Terminadas as comemorações, pai e mãe acomodaram-se em seus ricos assentos num dos lados do grande salão, e o filho presentou-se diante deles para prestar contas de sua viagem, como havia prometido.  Sua esposa, os filhos ainda pequenos, com amigos e outros membros da família, estavam assentados sobre tapetes, atrás dele, ouvindo-o atentamente.

— Meu pai,  há 10 anos, quando me achava às portas o senhor incentivou-me a partir e a tornar-me um homem entre os homens, em vez de permanecer nesta cidade como um vassalo de sua fortuna. E me deu um saco com moedas de ouro. E me concedeu liberalmente as atenções de sua sabedoria.

O pai sorriu indulgentemente:

— Continue, meu filho, sua história me interessa em todos os seus detalhes.
— Decidi ir para Nínive, uma próspera cidade, acreditando que ali encontraria oportunidades. Juntei-me a uma caravana e fiz entre seus membros numerosos amigos. Ali também se achavam dois homens bem-falantes que tinham um belíssimo cavalo branco, rápido como o vento. Enquanto viajávamos, eles me disseram que havia em Nínive um homem riquíssimo, dono de um cavalo tão veloz que nunca tinha sido derrotado. Disseram que, se comparado ao deles, o animal do homem não passava de um pangaré que podia ser batido com facilidade. Propuseram-me então participar com eles da uma aposta, aceitei, mas nosso cavalo levou uma surra vergonhosa, e acabei perdendo grande parte do ouro.

O pai não pôde deixar de rir.

— Mais tarde descobri que se tratava de um plano fraudulento desses crápulas e que eles constantemente viajavam com caravanas, procurando sempre novas vítimas. Mas esse astucioso golpe me deu uma grande lição, incitando-me a ter mais cuidado daí para a frente.

Normasir continuou:

— Logo aprenderia outra, igualmente amarga. Na caravana havia outro jovem com quem estreitei laços de amizade. Ele era filho de pais ricos, como eu, viajando a Nínive a fim de encontrar uma posição conveniente. Não muito depois de nossa chegada, me contou que um comerciante tinha morrido, deixando uma loja repleta de ricas mercadorias e uma clientela de primeira qualidade. Ele propôs que adquiríssemos aquela loja como sócios em partes iguais, mas que antes precisava voltar à Babilónia para investir seu dinheiro, e convenceu-me a comprar a loja apenas com a minha parte. A dele seria usada mais tarde para levar adiante o empreendimento. Comprei a loja e nesse meio tempo, ele demonstrou ser um comprador burro e um gastador insensato. Por fim mandei-o embora. A loja era repleta de mercadorias que ninguém queria comprar e eu sem dinheiro para adquirir outras, decidi repassá-la um israelita por um preço desprezível. A isso se seguiram, meu pai, dias bastante amargos. Procurei emprego e não encontrei, pois não tinha profissão nem treinamento que me capacitassem a ganhar o meu dinheiro. Vendi meus cavalos. Vendi meu escravo. Vendi tudo o que tinha. Naqueles, porém, lembrei-me do compromisso que eu tinha com o senhor, de tornar-me um homem responsável, e eu estava disposto a não desapontá-lo.

A mãe escondeu o rosto e chorou baixinho.

— Foi então que me veio à memória a pequena tábua que o senhor me dera e onde tinha gravado as cinco leis de ouro. Li com extremo cuidado suas sábias palavras e percebi que, se ao menos tivesse buscado primeiro a sabedoria, meu ouro não teria ido embora. Decorei cada uma das leis e determinei que, se ainda uma próxima vez a deusa da boa fortuna sorrisse para mim, eu me deixaria guiar pela sabedoria em vez de confiar na minha inexperiência. Para proveito de todos, lerei as sábias palavras de meu pai gravadas sobre essas pequena tábua de argila que ele me entregou há dez anos. 

Ele leu as cinco leis diante de todos, depois disso, disse:

—  Essas são as cinco leis de ouro gravadas por meu pai na pequena tábua. Proclamo-as tão valiosas quanto o próprio ouro. Depois de muitos dias amargos, consegui um emprego como chefe de um grupo de escravos que trabalhavam na nova muralha externa da cidade. Usando meu conhecimento da primeira lei de ouro, economizei uma moeda de cobre dos meus primeiros vencimentos, acrescentando a ela, sempre que possível, uma moeda de prata. Era um procedimento lento, pois eu tinha de fazer despesas pessoais. Gastava de má vontade, admito, porque estava determinado a ganhar, antes de completados os dez anos, muito mais dinheiro que aquele que o senhor, meu pai, me havia concedido. Um dia, o chefe dos escravos, de quem me tinha tornado amigo, disse-me que eu era um jovem econômico que não gastava mais do que ganhava. Dissei-lhe que era meu desejo juntar o suficiente para repor aquele que meu pai havia me dado e que havia perdido. Então ele me disse que, se eu confiasse nele, ele me ensinaria a lidar de modo lucrativo com o dinheiro, e me explicou que dentro de um ano, a muralha externa terá sido terminada e estará pronta para receber grandes portões de bronze que serão erguidos em cada entrada, a fim de proteger a cidade contra os inimigos do rei. Em toda Nínive não existia metal suficiente para fazer esses portões, e o rei ainda não havia pensado em providenciá-lo. Seu plano era formar um grupo que juntaria dinheiro para organizar uma caravana às minas de cobre e estanho, muito distantes, e trariam a Nínive quantidades imensas de metal. Assim que rei ordenasse a fabricação dos portões, nós sozinhos forneceríamos o metal a um preço que o soberano não se recusaria a pagar. Se o rei não quiser comprar diretamente de nós, mesmo assim, ainda teríamos o metal, que poderia então ser vendido a um preço bem mais alto a outros compradores. Nisso eu reconheci uma oportunidade para aplicar a terceira lei e investir minhas economias sob a orientação de um homem sábio. Não fui desapontado. Nosso grupo foi bem-sucedido, e com o tempo, fui aceito como um membro desse mesmo grupo em outros empreendimentos. Assim, aprendi a investir com segurança e a garantir um retorno lucrativo para o meu dinheiro. Devido a meus infortúnios, tentativas e êxitos, pude repetidas vezes, meu pai, comprovar que a sabedoria das cinco leis de ouro de fato estavam certas. Para quem não conhece essas leis, o dinheiro vai embora rapidamente. Para quem conhece, o dinheiro aparece e trabalha para eles como um escravo.

Nomasir parou de falar e acenou para um escravo no fundo da sala. O escravo trouxe para a frente, um de cada vez, três pesados sacos de couro. Nomasir pegou um deles e colocou-o no chão, diante de seu pai, dirigindo-lhe estas palavras:

— O senhor me deu, quando há dez anos deixei sua casa, um saco com moedas de ouro da Babilônia. Pois aí está, como devolução, um saco com moedas de ouro de Nínive de igual peso. Uma troca equivalente, como todos concordarão.

Então ele continuou:

— O senhor me deu também uma pequena tábua de argila gravada com palavras sábias. Em seu lugar, aí estão esses dois outros sacos com moedas de ouro.

Assim dizendo, tirou-os das mãos do escravo e, do mesmo modo, colocou-os no chão diante do pai.

O pai pôs afetuosamente sua mão sobre a cabeça do filho, e disse:

— Você aprendeu bem suas lições, e me sinto realmente feliz por ter um filho a quem possa confiar minha riqueza.

Da história acima podemos tirar as seguintes lições:

1 - George S. Clason, autor do livro que conta essa história - O Homem Mais Rico da Babillônia - por meio dessa ilustração, ensina que a sabedoria vale mais do que ouro, pois foi por meio dela que Normasir, depois de ter perdido tudo, conseguiu tornar-se próspero, além de digno de receber a rica herança do pai. Essa história ilustra que o sucesso é fruto da experiência. Mas a experiência é fruto dos fracassos.

2 – Quando se guarda pelo menos 10 % de tudo que se ganha (independente das questões religiosa sobre o dízimo), você está dizendo para seu próprio subconsciente de que é capaz de conseguir muito mais. E que a abundância está em você e não no seu salário. Esses 10% é a semente que você não deve comer, mas investir. Segundo pesquisas, pessoas que são capazes de adiar suas recompensas (independente de salário), que trocam a satisfação imediata em prol das oportunidades futuras, são dezenas (até milhares) de vezes mais bem-sucedidas em comparação das pessoas que não possuem esse hábito.

3- As cinco leis do ouro que Normasir recebeu do pai, e que foram lidas diante de todos, foram as seguintes:
I - O ouro vem de bom grado e numa quantidade crescente para todo homem que separa não menos de um décimo de seus ganhos, a fim de criar um fundo para o seu futuro e o de sua própria família. 
II - 0 ouro trabalha diligente e satisfatoriamente para o homem prudente que, possuindo-o, encontra para ele um emprego lucrativo, multiplicando-o como os flocos de algodão no campo.
III - O ouro busca a proteção do proprietário cauteloso que o investe de acordo com os conselhos de homens mais experimentados em seu manuseio.
IV - O ouro foge do homem que o emprega em negócios ou propósitos com que não está familiarizado ou que não contam com a aprovação daqueles que sabem poupá-lo.
V - O ouro escapa ao homem que o força a ganhos impossíveis ou que dá ouvidos aos conselhos enganosos de trapaceiros e fraudadores ou que confia em sua própria inexperiência e desejos românticos na hora de investi-lo.

4 – Segundo pesquisas, os chineses economizam 55% de seus salários, os russos 28%, os alemães 23%, os americanos 16%, e apenas 20% brasileiros conseguem economizar 10%. No entanto, 80% da população brasileira deve cartão de crédito, sendo que essa dívida, em média, equivale a 7 vezes mais que seus salários. Isso demonstra que, mais do que ganhar dinheiro, precisamos aprender a investi-lo, aplicando a lei do ouro, como fazem os países mais desenvolvidos.

5 - O êxito financeiro não tem nada a ver com religião. Por isso que há pessoas ricas e pobres dentro de uma mesma denominação. No entanto, as pessoas que se tornaram bem-sucedidas depois que se converteram a determinada igreja, foram beneficiadas pela benção motivação, autoconfiança, disciplina, foco, força e fé, que também são alcançáveis a qualquer indivíduo que busca prosperidade, independentemente de religião. Por outro lado, a maior benção do evangelho, é sem dúvida, a salvação, e isso vem pela graça.

“Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” (2 Coríntios 8:9)

📖Harpa De Mil Cordas

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